quarta-feira, 29 de maio de 2013

DE PERNAS PARA O AR

Nas últimas semanas tem sido noticia  a «cu»-adopção de Crianças por duas pessoas do mesmo sexo (recuso-me a designar de casais, duas pessoas do mesmo sexo) ora como já todos devem ter reparado eu não sou provido de grande inteligência, diria mesmo que sou um bocado lerdo das ideias e ainda não percebi bem o que quer dizer esta lei que os nossos digníssimos deputados tanto se esforçaram para aprovar, e não percebendo eu até ao momento, que raio de coisa é esta da «cu»-adopção, nada melhor que colocar aqui aquilo que penso da nova legislação amaricada, para que alguém com mais conhecimentos me possa esclarecer, então aqui vai o que penso ter percebido desta embrulhada.

Nada melhor que exemplificar para melhor me fazer entender, assim temos um Pai e uma Mãe um Casal á antiga, estes chegaram a vias de facto, como era normal ao tempo, e dessa contenda, nove meses depois nasce uma Criança, ora acontece que a Mãe do «rebento» estava cansada, e farta de Homens até á raiz dos cabelos, manda  o Pai da Criança ás urtigas, ou da-lhe uma remessa que, o desgraçado dá-lhe uma caganeira tão forte que vai  desta para melhor, a seguir junta a sonsa que parecia que não partia um prato, junta os trapinhos com uma gaja, que por acaso ou talvez não, era uns anos mais nova, (como é aliás da praxe), entretanto dá uma badagaio á Mãe da Criança, talvez devido ao seu recente noivado que lhe terá dado volta ao miolo, já de si com várias lacunas, e muitas intermitências e vai fazer companhia ao ex-marido para a quinta das tabuletas, fica então a outra mãe que já estava a ficar pelos cabelos com a que se apagou e vai de arranjar um gajo, o que aparentemente resolveu o problema da criança, pois voltou a ter pai e mãe, ou estarei já baralhado e não é nada disto?


 Outro exemplo, um Casal dos antigos deu o nó, aliás com toda a pompa, um casório daqueles que já não se fazem hoje, meteu banda de musica e tudo, desse enlace nasce uma linda Menina, que para mal dos seus (poucos, ou nenhuns pecados) fica sem Mãe ainda andava a brincar com as bonecas de trapo que a vizinha Maria lhe tinha oferecido. A Mãe que bebia uns copos ás escondidas quando o Marido lhe ralhava por não ter as batatas cozidas na hora, num desses dias enganou-se e bebeu mais do que o habitual, escorregou na gordura do chão da cozinha, e coitada bateu com a cabeça num mocho e apagou-se.
 
O marido ficou só com a criança, mas ao mesmo tempo aliviado com a partida sem regresso da patroa, pois estava farto dela, (e de Mulheres no geral até á raiz dos cabelos), aquele ar amaricado que já dava nas vistas veio a confirmar-se uns meses depois, de facto arranjou um marmanjo que foi viver lá para casa, dizia que era hospede para ajudar nas despesas da casa, mas já não enganava ninguém, casou no Concelho vizinho e o outro marmanjo adoptou a Criança,  até que um belo dia o Pai da Criança ao sair da taberna não olha para o lado e vem uma motorizada (uma Zundapp) que lhe limpou o sebo, assim ficou a Menina com o outro pai, ( ou seria mãe?) que por sinal até ficou feliz com a morte acidentada do outro, e passado algum tempo virou o bico ao prego e arranjou uma gaja com quem casou, e esta adoptou a Criança, e assim a nossa Criança ficou feliz para sempre, novamente com  pai e mãe, ou estou errado? Juro que dei o meu melhor para ver se entendia esta novíssima lei, mas dou-me por vencido, isto não é para mim. As paneleirices não são definitivamente a minha especialidade.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

HOJE

Como já escrevi noutro local, hoje fui acompanhar o meu Amigo Gentil á sua última morada, mas como o funeral foi só á tarde, e eu cheguei a  Vila Verde por volta das oito horas da manhã, fui desafiar o Vicente para irmos dar á perna por esses Montes e Vales que circundam a nossa Terra, hoje fomos até aos Casais da Fonte Pipa e no caminho para a Quinta do Lança observei uma boa panorâmica para umas fotos de Lapaduços e Casais da Fonte Pipa.

Como sei que há, principalmente em Lapaduços quem tenha a paciência de ir lendo o que vou escrevendo nos blogs e Facebook, achei bem mostrar aqui algumas fotos destas duas Terras Vizinhas, e como também sei que a minha Mãe era Pessoa muito estimada por estes lados deixo também um escrito dela quando já com bastante idade passou férias com Outros/As idosos na Praia de Santa Cruz.





sexta-feira, 24 de maio de 2013

FERNANDO DACOSTA, ONTEM


 

 
 
Os que viveram o marcelismo encaram o que se passa hoje com uma curiosa sensação de déjà-vu. Na verdade, quase tudo parece um remake dos primeiros anos da década de 70, quando se percebeu que o regime abria fendas irreversíveis – porque incontroláveis.
Tal como Marcello Caetano, Passos Coelho já não coordena, com efeito, o governo a que preside, não domina os militantes do partido, não se credibiliza junto da opinião pública. Pelo contrário: todos o maldizem e o achincalham.


Se o problema magno do antigo regime estava na guerra colonial, o de agora reside no desemprego; se os opositores de maior mossa (nele) eram generais saídos da situação – Costa Gomes e Spínola –, os de agora são notáveis em dissidência – Manuela Ferreira Leite e Marcelo Rebelo de Sousa –; se os mais crispados de então se situavam entre os exilados (à guerra) e os emigrados (a salto), os de agora encontram-se nos jovens e nos quadros em debanda da pátria; se Marcello Caetano cedeu à implacabilidade dos ultras, Passos Coelho ajoelhou perante a implacabilidade da troika. Marcello Caetano quis demitir-se por duas vezes e por duas vezes foi seguro por Américo Thomaz; Passos Coelho quis demitir-se por duas vezes e por duas vezes foi seguro por Cavaco Silva.

Expressivo seria o comentário do último líder do Estado Novo sobre o que se passava à sua volta: “O que é que eu podia fazer quando as mulheres de alguns dos ministros se punham nos cabeleireiros e nas recepções a dizer mal do Governo de que os maridos faziam parte?”
Não nos surpreendamos se Passos Coelho, como o seu antecessor, acordar uma noite destas com um (outro) Paulo de Carvalho a cantar um (outro) “Depois do Adeus”.

Adeus!

 


quarta-feira, 22 de maio de 2013

LISBOA ONTEM



Na minha ida a Lisboa de ontem, que iniciei em Alcântara Mar, fiz o seguinte percurso: Av. de Ceuta, R:  Prior do Crato e Praça da Armada, aqui fotografei o Chafariz que fica no Largo em frente ao edifício da Marinha, segui até ao Miradouro junto á Cruz Vermelha, donde fotografei o Tejo e o Cristo Rei,  atravessei a Av. Infante Santo, R: Presidente Arriaga, e aqui fotografei mais um bonito Chafariz que fica mesmo em frente ao Museu de Arte Antiga, segui depois pela R: das Janelas Verdes, Santos O Velho, atravessei  a Av. D. Carlos I, subi a Rua Poço dos Negros (onde só vi brancos) Rua de Santa Catarina, Largo  Camões, Chiado e Rossio local de paragem habitual, para abastecer.

Após esta pequena (mas útil) paragem encaminhei-me para junto do Rio Tejo, tendo feito o trajecto entre o Rossio e o Terreiro do Paço, (cuja Estátua continua camuflada por serapilheiras) desci pela R: Augusta (cujo arco continua cercado por rede de obras) e nesta Rua que como sabem, é proibida a circulação automóvel, ou melhor dizem-nos que é exclusiva para Peões, mas que na prática se torna numa verdadeira selva de carros, carrinhas e camionetas, motas e lambretas, só lá faltam umas carroças, pois burros para as puxarem arranjam-se por lá alguns, bem sei que o comércio da rua tem de ser abastecido, e que esse abastecimento terá de ser feito por viaturas, mas aquilo que eu observo sempre que por lá ando, não abona nada os nossos Autarcas.

 
Assim é de facto, passam a vida a inventar, veja-se o caso da Rotunda do Marquês de Pombal, são mudanças atrás de mudanças, cada qual pior que a anterior lixando os automobilistas com tanta alteração, a Baixa onde proíbem ou vão proibir a circulação de viaturas com idade superior a não sei quantos anos, (devem ter aprendido com o governo, que encontrou nos velhos deste Pais os seus inimigos, um sacana dum  deputado do P.S.D.  até nos chamou de a "peste grisalha")  e a Câmara segue o mesmo caminho, mas nos carros. Então não podiam arranjar um período para cargas e descargas nocturno? Dá muito trabalho? Os fornecedores não querem? Assim como está é um bom cartão de visita para os Turistas, ou o Sr. Vereador do Trânsito Lisboeta pensa que toda a Gente se levanta quando o Sol já vai alto! Reparem na foto com quatro carros lado a lado que diz tudo.
 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

20 DE MAIO, DATA A NÃO ESQUECER


  1.  
    Dia 20 de Maio uma data que não esqueço, as razões principais são três, em primeiro lugar era o aniversário da minha Mãe, 100 anos fazia hoje se por cá andasse, assim não andando ela, mas estando eu ainda por cá, competia-me fazer a visita (que faço quase semanalmente) á sua nova morada, esta foi a razão de ter ido hoje até Vila Verde, agradeço ao Amigo Vicente ter-me acompanhado até á «quinta das tabuletas.


A segunda razão também ela com muito significado para mim, é que faz hoje cinquenta e muitos anos que também partiu o meu Avô, Pai da minha Mãe, foi o único Avô que conheci e que me deixou muitas saudades, como já se viu anos da minha Mãe e morte do meu Avô marcaram este dia, mas há ainda um terceiro acontecimento que também deixou marcas, na manhã do dia da morte do meu Avô (e consequente aniversário da minha Mãe), caiu um raio na casa do meu vizinho Fernando Dionísio, era ainda manhã quando  uma forte trovoada se abateu sobre Vila Verde, era Domingo e eu, um rapazinho com  meia dúzia de anos, estava descascar ervilhas na cozinha enquanto a minha Mãe assistia aos últimos momentos do meu Avô no andar de cima, quando a minha prima Maria Amélia passa a correr á minha porta para ir chamar o «Tio Fernando» que esperava pela hora da Missa na Capela do Senhor dos Passos, (era Sacristão) e informá-lo que tinha caído um raio na sua casa, acabei por a  acompanhar até á Capela onde informámos o «Tio Fernando» do acontecido.
 

sábado, 18 de maio de 2013

QUEM TE VIU, E QUEM TE VÊ

Começo a ficar preocupado em relação há minha saúde mental (a pouca que ainda resiste á crise) de facto, e cada vez mais, assisto a conversas de vira casacas que me deixam com os cabelos em pé, porque já não sei se o problema é do cu ou das calças, quero dizer se o problema é de facto da minha pobre compreensão para estes políticos tão avançados, que não sou capaz de acompanhar as suas tiradas mais ou menos de acordo com os ventos que sopram, ou se pelo contrário, estarei ainda no pleno uso das minhas faculdades mentais e estes gajos andam gozar comigo (connosco)!
Desta vez foi o Lobo Xavier (o caça tachos, e ex-dirigente do C.D.S.) que me deixou perplexo, no último programa de a Quadratura do Circulo, na S.I.C. Noticias, ao afirmar, que tinha sido melhor para o Pais, que o seu Partido, conjuntamente com todos os outros da oposição na altura, não tivessem chumbado o P.E.C. 4. Então o que não servia o Pais há dois anos agora já deixa saudades? afinal em que ficamos? Este mesmo cavalheiro ajudou á festa no que diz respeito ao chumbo do tal P.E,C. e agora vem reconhecer que estava errado, ou estará antes a perceber que o seu governo, (que ainda não há muito o nomeou para presidir á reforma do I.R.C ) é incompetente e estará acabado? se assim é, faça favor de passar a certidão de óbito que cá o rapaz agradece, antes que eles me vão á carteira mais uma vez.
 
 Aqui deixo o diálogo no programa da passada Quinta Feira
 
Lobo Xavier defendeu no programa Quadratura do Círculo, emitido pela SIC Notícias, que a assinatura do memorando da troika poderia ter sido evitada se o PEC IV não tivesse sido rejeitado pelos partidos que estavam na altura na oposição. O ex-líder parlamentar vincou ainda que, antes do pedido de ajuda externa, Angela Merkel não apoiava a ideia da assinatura do memorando. “A senhora Merkel não queria este aparato formal de memorandos com regras, promessas, compromissos e tudo medido à lupa”.
Pacheco Pereira, que também faz parte do painel de comentadores, considerou que a oposição usou o memorando da troika “com grande felicidade”, vendo-o como um “instrumento de correcção de um país que eles achavam que estava errado". 
Lobo Xavier argumentou que a actual situação do país seria diferente se, em vez do resgate, se tivesse optado por uma aproximação às instituições europeias: “Se isto fosse controlado apenas com conversas na Comissão, no Banco Central Europeu ou mesmo no gabinete da senhora Merkel, isto corria de outra forma”.  
A 23 de Março de 2011 a Assembleia da República rejeitou o Programa de Estabilidade e Crescimento, o chamado PEC IV, com os votos contra do PSD, CDS, PCP, BE e PEV. O chumbo do PEC motivou a demissão de José Sócrates e levou ao pedido de assistência financeira à Comissão Europeia, a 6 de Abril de 2011.  



terça-feira, 14 de maio de 2013

MARINHA E EXÉRCITO! O MESMO FINAL






Na ultima mensagem que publiquei neste blog, falei ao de leve na minha estadia mal sucedida na Marinha, como a causa próxima do meu desaparafusamento que me levou até ao Telhal, como não gosto que as coisas fiquei a meio, embora já o tenha escrito num outro blog entretanto falecido, vou tentar explicar como fui para os Fuzileiros, a minha estadia por lá, e a minha saída atribulada.
A minha Terra é, ou era predominantemente agrícola e o minifúndio a regra, quase todos tinham o seu pedaço de terra, mas claro que havia excepções, eu por exemplo o único terreno que tinha era proveniente dos caminhos e estradas que naquele tempo eram de terra batida, assim o meu vizinho Adelino que estava na Marinha sabendo a minha alergia ao trabalho do campo, e sem nada de meu, desafiou-me a  concorrer, assim fiz fui aprovado nas provas de acesso, e eis-me nos Fuzileiros corria o Mês de Março de1965 e tinha acabado de fazer 18 anos.


 Decorreram sem grandes sobressaltos os quatro Meses exigentes de recruta, passados entre o Alfeite e a Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro, próximo do Barreiro, até que ao fim desse tempo e uma semana antes do dia de Juramento de Bandeira fomos para o Grupo Nº1 de Escolas da Armada em Vila Franca de Xira, como estava próximo da Terra e não havia nada para fazer nos próximos dias pedi ao 2º Comandante da Companhia para me livrar dali uns dois dias para ir dar uma ajuda ao meu Tio, (recusou e bem) e cá o rapaz não foi de modas logo que ele voltou costas, e como estávamos acampados em tendas no campo de futebol da Unidade, dei uma vista de olhos pela vedação e no ponto escolhido aí vai ele que se faz tarde, quando regressei estava o Homem à minha espera com cinco dias de detenção, os primeiros de 175, se as contas não me falham.

Assim, logo que Jurámos Bandeira fui para o Navio Escola Sagres, não a actual mas uma outra que está neste momento na Alemanha como Museu, aí permaneci por três semanas findos os quais voltei novamente para a Escola de Fuzileiros, mas não consegui digerir os cinco dias de detenção, e talvez pela minha dificuldade em estar fechado, passei a andar praticamente sempre de salto umas vezes era apanhado outras não, até que o meu Amigo Graciano que estava preso em Alenquer, e de quem eu era escrivão e leitor de cartas pois ele não sabia ler nem escrever, aos Domingos quando ia a Vila Verde ia almoçar lá na cadeia com ele e outros presos com algumas posses que se juntavam em saborosos e bem regados almoços, e num desses almoços  fiquei a saber que um dos colegas engaiolados era de Palhais mesmo junto á Escola de Fuzileiros, o Homem pede-me para levar qualquer coisa para entregar á Mulher, quando lá cheguei observei que a casa estava cheia de Mulheres bonitas, foi tiro e queda, a partir daquele momento a minha Unidade passou a ser ali ao lado em Palhais.

Na rua que então passei a frequentar morava um Segundo Tenente da mesma Unidade, e as casas até eram próximas uma da outra, o Homem sempre que me via por lá chamava a ronda para me ir buscar, e os castigos sucediam-se, ainda fiz o curso do I.T.E. com aproveitamento, mas as coisas andavam de mal a pior, atá que ao saltar um obstáculo lixei um joelho, hospital da Marinha e aí permaneci por longos 78 dias mais de dois meses á espera de ser operado, e mais doze pós operatório onde também apanhei alguns castigos, por andar a mudar as camas aos outros doente, elas tinham rodas e era uma maneira de passar o tempo mudar o local das camas quando apanhava os outros em sono profundo, depois de lá sair voltei para o Vale de Zebro, e ainda e sempre a andar a saltar o muro ou a vedação, até que o meu «amigo» Tenente Oliveira me manda novamente a ronda para me dar boleia até á Escola de Fuzileiros, eu ai não gostei do «abuso», e como ele estava de Oficial de Dia tive um pequeno desentendimento com ele, chamando-o á razão que não se fazia aquilo impedir um pobre Grumete de namorar, e obriga-lo a vestir a farda de saída que era uma complicação, nada que se comparasse com as suas similares do Exército ou Força Aérea, ele não teve pelos ajuste e dá-me ordem de prisão.
 
Como era Domingo e na Unidade não havia prisão, mandou retirar Sentinelas dum Posto e lá foram guardar-me para uma antiga casa do carvão sem portas nem janelas que ficava junto ao Cais, ali passei a noite, sentado pois não havia cama, com os meus guardas mais nervosos que eu, devem-lhes ter dito que estava ali um perigoso delinquente, e Rapazes ainda «maçaricos» estavam todos borrados de medo, no dia seguinte pela hora do almoço estava eu e dois sentinelas a almoçar sentados numas pedras na parte de fora da casa que servia de prisão, quando os dois últimos Rapazes dum Pelotão que atravessava a zona do Cais começam a ficar aflitos, os gajos que me estavam a guardar não queriam socorrer os Rapazes por que diziam eles,  estavam a brincar, para eles se atirarem á agua e eu fugir, eu contra a vontade deles corri ao outro lado do Cais e fiz deslizar um Zebro (bote de borracha)  que estava na rampa consegui coloca-lo na água, mas já só consegui tirar um, o outro tinha-se afogado, foi retirado do lodo cerca de uma hora depois pelos Mergulhadores vindos do Alfeite.
 

Entretanto sou chamado ao Comandante da Escola para me dar a pena pela zanga que tinha levado o Oficial Dia dar-me ordem de prisão no dia anterior, ele quase sem olhar para mim decreta 20 dias de prisão disciplinar agravada, fiz rapidamente as contas e somados aos que já tinha, davam-me Forte de Elvas pela certa, assim resolvi falar-lhe no Homem que tinha acabado de salvar, para ver se me retirava alguns dias de prisão, após este consultar o Comandante de Batalhão para confirmar ou não se tinha sido eu o «salvador» o que este confirmou, retirou-me dez dias, assim lá fui para o Alfeite cumprir essa pena, regressado á Escola, continuei no mesmo caminho, até que após várias peripécias recebo ordem de marcha para o Alfeite, aí é que a porca torceu o rabo, aqui estava perto da «febra» e tinha a facilidade de sair a salto, no Alfeite estava lixado, assim para grandes males grandes remédios, logo que o Autocarro Militar que me transportava, e o Motorista com ordens expressas do Oficial de Dia de só me deixar sair no Alfeite, logo que este parou na Porta de Armas da Escola de Fuzileiros saí, embrenhei-me na Mata da Machada, e andei ali pela Unidade durante vários dias, clandestinamente a pensar na maneira de sair desta.
 

 A solução encontrada para sair do buraco em que me tinha metido foi: partir á «conquista de Espanha» e de seguida França, com mais dois Amigos civis, o Hugo ( que descanse em paz) e o Carlos, este de boa saúde felizmente, o Hugo na hora H, fez marcha atrás, (o único com juízo) eu e o Carlos no Sábado de Aleluia de 1966 partimos a pé de Palhais com destino á Fronteira na zona de Elvas, foram cinco dias sempre a pé caminhando de noite e escondendo-nos de dia, á aproximação de qualquer carro ou Pessoa, até ao Caia, onde havia as maiores cheias dos últimos anos, (aliás, o caminho foi feito praticamente sempre a chover) assim para fugir á corrente do Rio que era muita, fomos cair na boca do lobo, isto é, da P.I.D.E. levados para o Posto na Fronteira somos encaminhados mais tarde para a Sede deles em Elvas, aqui fomos separados, (separação que durou mais de trinta anos) no dia seguinte sou confrontado com a descoberta que sou Militar, (eu não o tinha dito pensando que os gajos não descobriam, visto ainda só ter 19 anos) ainda me forneceram uns «abrunhos» e passadas umas horas vêm os Militares do Quartel de Caçadores Nº8 sediado aqui em Elvas buscar-me para prisão Militar dessa Unidade.
 

Estive ali em Caçadores, cinco dias á espera que a Escolta da Marinha me fosse buscar, o que aconteceu passados esses dias, fomos de comboio até Lisboa e daqui na Vedeta da Armada até ao Alfeite onde fiquei detido mais cerca de vinte dias, findos os quais me mandaram passear porque estavam fartos de me aturar.
 
Depois seguiram-se alguns trabalhos por aqui e acolá até a cabeça dar o estoiro que contei na anterior mensagem. Depois de mais dois anos com as mais variadas peripécias pelo caminho sou chamado para cumprir o serviço Militar no Exército (um ano e tal da Marinha não contou para nada) e sou alistado em Infantaria 7 em Leiria em Janeiro de 1968, cerca de um Mês depois mandam-me embora, livre á Junta Médica por segundo eles (é o que está escrito) incapacidade física, é certo que tinha sido operado a um joelho na Marinha, mas a razão não terá sido essa, ainda andava apanhado do clima, não quiseram lá mais um desestabilizador, e tinham lá o relatório da minha estadia nos Fuzileiros, e da P.I.D.E. e tudo junto! Vai mas é dar banho ao cão que aqui não te queremos., e assim termina mais um episódio da minha atribulada vida.
 
 





 


 



 

 


.
 



 .
 




 
 

domingo, 12 de maio de 2013

CABEÇA QUE NÃO TEM JUIZO! O CORPO É QUE PAGA


Já escrevi neste e noutros blogs onde tenho passado a escrito algumas passagens da minha vida (que para mal dos meus pecados tem muito que contar), em especial enquanto Criança e na adolescência! Assim, e porque nos últimos dias falei aqui e acolá, nos meus encontros e desencontros com alguns dignitários da Igreja, aqui deixo mais umas pérolas. Direi que tive um principio de vida algo atribulada, estilhaçou com estrondo quando ainda criança (por informação da minha Mãe pois nada recordo) terei caído de um cedro do Adro da Igreja, ali mesmo junto á minha casa quando andava aos ninhos (sempre os pardais a mexerem comigo, deve ter sido castigo divino por andar a fazer mal aos passarinhos) nessa queda devo ter desapertado alguns parafusos da caixa dos pirolitos, pois fiquei desacordado algum tempo, ou então já nasci desaparafusado e a coisa assim ainda é mais complicada, e daí para a frente foi sempre a acelerar, até um dia, há sempre um dia para tudo.

Assim, com o passar dos anos, e após a minha estadia falhada na Marinha, quando o desaperto dos parafusos já tinham dado lugar á  desaparafusação total, dormir não era comigo, passava as noites na companhia dos meus Amigos «Chico e Zé» padeiros eles a trabalhar eu a ver e ajudar alguma coisa, e especialmente ouvindo anedotas inesgotáveis do Amigo Zé, por vezes parecia-me que estava com sono, despedia-me e ia para casa, passados poucos minutos já estava de volta, o Amigo Zé começou a ficar alarmado e contou á Esposa Dª Isabel que por sua vez falou com a Professora D. Adelina que estava hospedada lá em casa, e esta por sua vez falou com o Padre Morais (tudo isto sem eu saber pois não me passava pela cabeça que andava desaparafusado) assim depois destes conversarem entre si (é o que penso)  chega-me o convite para ir dar uma volta com o Padre, que este queria falar comigo.

Embora tenha no meu inicio de vida frequentado a Igreja, muito cedo deixei de o fazer, pelo que fiquei admirado do convite, mas não o recusei e lá embarquei no Hillman Imp do Padre Morais que aproou á Serra de Montejunto, lá chegados, parou o carro disse algumas palavras de circunstância, com linda vista etc. e disse-me sem rodeios que estava ali para me ajudar, e que embora eu não o admitisse estava doente e tinha de ser rapidamente tratado para não ter maiores danos, pois não dormia á muitos dias, não sei se por respeito ao Homem da batina, se por outra qualquer razão que me escapa, anui, ele já tinha tudo tratado (soube-o mais tarde) na Casa de Saúde do Telhal, casa dirigida por Frades da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, e no dia seguinte lá fomos os dois, com uma paragem rápida em Algueirão para uma visita de cortesia a um seu Colega Padre nessa Paroquia.

Lá chegámos ao Telhal, fui consultado pelo Professor Pedro Polónio, um Psiquiatra famoso na época, que me envia para o Hospital de Santa Maria para fazer um Electoencefalograma, com o resultado deste, é feito o diagnóstico, e de seguida medicado, sigo para casa, mas dormir nada, a coisa ainda se agrava mais, e desta vez é o Amigo Zé e Esposa que vão comigo ao Telhal, só tarde compreendi, mas esta era uma consulta sem regresso, fico contra a minha vontade encarcerado, tento por todos os meios escapar mas nem a minha preparação nos Fuzileiros me ajuda a saltar aqueles muros enormes acompanhados duma vala tipo Jardim Zoológico na zona dos Elefantes, chovia a potes e encharcado que nem um pinto tenho que dar a mão á palmatória, e fazer-me á vida, isto é, entrar no Pavilhão onde me esperavam os Frades Enfermeiros, e esperar por uma oportunidade de fugir dali que com certeza iria aparecer.

Foi uma luta renhida entre mim e os remédios que teimavam
em não me pôr a dormir, foram ainda algumas semanas até que a coisa começou a fazer algum efeito, e a colocar-me como um cordeirinho criado á mão, a partir daí mansinho e cordato já nem pensava em saltar o muro, comecei até a ter o privilégio de sair até á Povoação mais próxima (Recoveiro) levando comigo alguns Doentes em quem depositava mais confiança.
Neste altura tinha toda a confiança dos Frades e dos Doentes pelo que ia ajudando, em especial nas refeições onde me dirigia á cozinha passando pelos túneis existentes de um e outro lado da estrada e lá íamos trazendo comida para algumas dezenas de internados, alguns chegados das guerras Ultramarinas completamente «apanhados do clima», á noite de Enfermaria em Enfermaria, para verificar se os Doentes não tinham a cabeça tapada, para que não asfixiassem, de dia para não torrarem ao Sol, tudo isto me ajudava a passar o tempo.


Tinha um carinho especial pelos Militares chegados das guerras, pois ainda estava fresca na minha memória, a estadia nos Fuzileiros, e no Hospital da Marinha onde tinha permanecido durante 78 dias, e onde «Observei» muita desgraça que aconteceu aos meus Camaradas Marinheiros, andava de olho aberto com alguns mais propensos a cometer o suicídio, e chegado aqui tinha um Doente (Rapaz da minha idade, bom estudante segundo os Pais, que sabe-se lá porquê, desaparafusou) e que não obedecia aos Frades Enfermeiros, mas comigo ia a todo o lado até ao Barbeiro que ele odiava, assim no dia 13 de Maio de 1967 sou incumbido ou melhor pediram-me para ir com o «Barbas» ao Pavilhão de São Lucas (todos os Pavilhões (que eram separados fisicamente) tinham nome de um Santo) quem entrasse neste Pavilhão normalmente só iria sair na horizontal, pois a esperança de cura, tinha-se esfumado.



Entrei aí numa sala de grandes dimensões, uma televisão quase junto ao tecto, mesas corridas preparadas para o almoço, sem facas nem garfos, e pratos e canecas de metal, todos os Doentes com batas vestidas (faziam assim as necessidades fisiológicas sem tirar qualquer peça de roupa), nesse momento saía do Avião Caravelle da T.A.P. na Base Aérea de Monte Real o Papa Paulo VI, que Salazar tinha dito que não entrava em Portugal enquanto fosse vivo, afinal entrou e Salazar é que foi ao beija-mão.
Saí dali, logo que o «Barbas» se distraiu da minha presença, e este é um dos meus «fantasmas» que me tem acompanhado ao longo destes mais de quarenta e cinco anos, são imagens terríveis, apesar do muito por que já tinha passado, esta vai comigo para a cova, desculpa lá ó «Barbas» mas não tinhas outra saída, ou ias comigo a bem, ou com eles a mal.


Até que um dia o Médico assistente Dr. João Fragoso Mendes me diz para ir passar o fim de semana a casa, como em casa não tinha senão as paredes, aproei ao Cacém onde vivia uma das minhas Irmãs, carregado de comprimidos bati á porta disse ao que ia, e lá me acolheram ela e o meu Cunhado, isto foi no Sábado no dia seguinte lembro-me de ir até Palhais junto á Escola de Fuzileiros, e onde tinha deixado uma namorada sem dizer água vai, quando de lá dei o fora com destino a Espanha, tinha-se passado um ano e a Rapariga se calhar até já estava casada, o que sei é que a Família me disse que estava na casa duma Avó no Barreiro, (para não me mandar passear) andei por lá á procura duma Avó qualquer, pois nem a morada tinha, até que ao fim da tarde já cansado, e desanimado e acelerado talvez pela falta de medicação regresso á casa da minha Irmã, lá chegado emborco uma quantidade de comprimidos que me pôs fora de combate durante cinco dias, adormeço nesse Domingo no Cacém, acordo na Quinta Feira seguinte no Telhal, parece que com poucas probabilidades de acordar, mas isto de pedra ruim não partir, não é só conversa, como se comprova!

 

Claro que não recordo nada desses dias sei posteriormente que me fizeram uma lavagem ao estômago, e safei-me. Quando ao fim desses dia me levantei, verifiquei que estava coxo, talvez por ter estado horas ou dias na mesma posição o músculo duma perna recusou-se a andar, mas lá me fui arrastando e quando cheguei á rua peguei num pau que por lá encontrei e com ele a fazer de bengala, cruzo-me com um Frade que até  julgava (ou era mesmo) meu  Amigo, que na brincadeira me diz umas graçolas por eu ir de bengala, não gostei da graça e disse-lhe que lhe dava uma paulada, o que fui dizer, o gajo foi logo chamar os «gorilas» (sim havia lá Frades preparados para enfrentar qualquer Doente que tivesse alguma fúria ou fosse agressivo) e aí vou eu transferido para o Pavilhão do Sagrado Coração, onde se levam (levavam?) electrochoques, estou lixado, agora é que os gajos me vão chegar a roupa ao pêlo.


Sou salvo no próprio dia, pela chegada da visita do meu Tio Júlio, que ia acompanhado de um Padre que parece que era exorcista ou coisa parecida, dali da zona do Maxial, nunca tive coragem de esclarecer isto com o meu Tio, e agora já é tarde, expliquei ao Padre que estava ali por castigo, e que me iam dar cabo do canastro, ele deve ter falado com alguém responsável da casa, e nesse mesmo dia fui dormir á minha enfermaria, mas durou pouco esta acalmia, os meus miolos devem ter levado um abanão com aquela dose reforçada de comprimidos e os cinco dias de coma, e andava em brasa, não me podiam dizer nada que refilava, e aconteceu mais uma vez, com outro Frade, desta vez o castigo foi colocarem-me na sala da insulina ( sim a insulina que trata diabéticos também trata, algumas doenças mentais) amarrado de pés e mãos, a levar doses cavalares de medicamentos, e assim estive não sei quantos dias, até que chegou a minha salvação, a minha Irmã Arlete que não me via desde o dia que sai de padiola da casa dela, foi fazer-me uma visita.


Chegada ao local com o meu Cunhado, dirigiu-se ao Pavilhão onde eu deveria estar e estava de facto não na enfermaria mas amarrado na tal sala que atrás falei, pergunta por mim e ninguém sabe onde estou, até que vai falar com o Enfermeiro José Manuel (o único não Frade existente na altura, na Casa de Saúde) e que ela sabia que me conhecia bem, e este vai á sala onde eu estava (aparentemente não sabia que eu estava preso de pés e mãos) pois diz-me para me levantar para ir ter com as visitas, acenei-lhe que estava amarrado ele saiu e voltou rapidamente (deve ter ido falar com algum superior) desamarra-me e é amparado a ele que venho até ao Jardim onde tinha os meus Familiares, viram o estado em que eu estava, contei-lhe o porquê e como me tinham amarrado, e solicitei que rapidamente fossem ter com o nosso Tio Januário que também morava no Cacém e era a Pessoa que tinha depositado a quantia de quatro contos para eu lá estar, e tinha de ser ele a assinar para eu sair sem alta Médica, assim aconteceu um ou dois dias depois! Não fora a visita desse Domingo e hoje não estaria aqui a contar como foi, não tenho dúvidas sobre o que se seguiria.
Termino mais uma tentativa de afastamento dos meus «fantasmas» e apanhando os cacos que, andam por aí espalhados.