terça-feira, 28 de janeiro de 2014

"O CISMA GRISALHO"




Como já é habitual uma vez por semana vou até Lisboa, e por lá faço uma caminhada por norma com um pequeníssimo intervalo para beber um café e comer um pastel de bacalhau acabado de fritar, e dois dedos de conversa se esta se proporcionar com o funcionário do café, ás vezes encontro lá a Srª que vai fazer a entrega dos leitões, também conversamos um pouco, ora ontem foi o dia desta semana que lá fui, lá estava a Senhora dos leitões com uma ajudante, pensei eu, pois  já a semana passada encontrei lá as duas, achei curioso neste momento de cortes de tudo e mais alguma coisa, aumentarem o número de distribuidores de leitões e falei nisso á mais antiga das duas, que me explicou então que está gravida e a rapariga anda a aprender a volta para a substituir quando for dar á luz, ou melhor parir!




Conversa puxa conversa, e a aprendiz de vendedora ou destruidoras de suínos bebés, sai-se com esta, fazendo jus á sua condição de futura trabalhadora sem direitos nem regalias, e muito menos reforma, diz! Antigamente eram empregados agora é que se trabalha, é pá, esta está mal informada ou  está-me a gozar? Expliquei-lhe o que era trabalho, balbucionou qualquer coisa como, o meu Pai passou uma boa vida, e tal, e eu, após esta bacorada  não tenho feito mais nada senão pensar naquele cara de cu deputado pelo P.S.D. qual voz do dono que veio afirmar que "a nossa pátria está contaminada com a peste grisalha", este energúmeno (não lhe partirem a tromba) está afinal a fazer escola, do governo e quejandos já nós sabíamos que a sua vontade seria exterminar os tais grisalhos, mas esta juventude sustentada até tarde, (muitos até muito tarde), pelos grisalhos, que não deixou que lhes faltasse nada, muitas vezes sabe-se lá com que ginástica também, está afinal também contaminada?








Já ouvi também o seguinte relato: A minha Avó morreu com 93 anos e recebia uma reforma e nunca descontou, e eu quando me reformar não vou receber nada! Já nem a família escapa a esta raiva não disfarçada contra os Velhos deste País? Que educação deram a esta gente? Só para recordar a alguém que passe por aqui e eventualmente assine por baixo esta cartilha distribuída pelo actual governo, que as gerações mais antigas, muitos/as não descontaram para a Previdência, porque não havia simplesmente reformas, no caso dos Rurais isso só começou a  acontecer em 1969, nas Domésticas ainda mais tarde, ora eu descontei muitos anos e não me aflige nada que esses descontos tenham servido para ajudar essas Pessoas que tanto trabalharam mas não descontaram, porque simplesmente não havia descontos, estavam desprotegidas de qualquer ajuda, após uma vida de trabalho, no duro, muitas  do nascer ao pôr do Sol, as oito horas de trabalho diário também é coisa recente.











E depois tivemos três guerras em simultâneo, onde estiveram mais de 800.000 mil combatentes só da Metrópole, destes lá morreram 8831 Jovens, mais de 30.000 feridos evacuados dos teatros das guerras, e ainda á volta de 140.00 neuróticos de guerra, foram estes  grisalhos (os que escaparam com vida) que tudo fizeram para dar estudos aos filhos (educação é outra loiça) que agora se desfazem deles como trapos velhos. E aqueles que tiveram de abandonar o País de trouxa ás costas para sobreviverem, terão vontade de regressar ao ouvir isto? Fico chocado com este novo desporto da caça ao Velho, e também com a falta de caracter que demostram os deputados da Nação,  que se calaram quando o tal badameco deputado, de sua graça Carlos Peixoto resolveu vir  a terreiro insultar os Velhos deste Pais e os seus pares ficaram calados, assim se vê a qualidade de gente que de quando em vez se desloca ao palácio de São Bento para botar faladura! A maioria é surda muda, e ainda bem, se todos falassem era o fim da macacada!
Em conclusão, os tais «Grisalhos» foram das gerações mais sacrificadas deste falido País, mas não foram eles que o faliram, perguntem aos políticos que eles explicam tudo tim, por tim-tim!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

ESTAREI A FICAR SENIL?



Dormi mal, aliás não dormi, icei o esqueleto da cama ás seis horas, mas nem de pé me sentia bem, só me apetecia ganir, isto será a tal doença canina muito em voga, que me atacou? Pelo menos não perdi o apetite, e assim a cozinha foi o meu segundo destino, tratei do Sansão, e reparei que ele não tinha os mesmos sintomas que me afligiam, fiquei mais descansado, de seguida fiz-me á estrada, foi a volta dos tesos; Porto Salvo e Vila Fria, ia caminhando e o mal estar não abrandava antes pelo contrário, dei por mim a dizer palavrões, coisa impensável pois por norma sou Pessoa educada onde raramente sai alguma coisa mais fora daquilo que se diz num qualquer salão de chá frequentado pelas madames da alta sociedade, mas que merda esta, o que será que se passa comigo?


Cheguei a casa, um duche rápido, e este nervoso miudinho a não me deixar estar parado, saí novamente e fui até Leceia, regressei e nada, agora vou novamente até Porto Salvo, aproveito e vou à loja do Chinês comprar cola para colar os pés e não andar para aqui feito parvo, pois se me descuido de tanto andar fico com os pés feitos num oito! Regressei, e no percurso encontro um Amigo, que antes de eu abrir a boca me dispara, é pá, você está com mau aspecto, o que é que se passa? Respondi que não sabia, e ele! Isso não é nada bom, aconselhou-me então a ir a um psicólogo amigo, que isto devia ser nervos e o homem é especialista nestes casos, fiquei assustado com este diagnóstico apressado do meu amigo, ainda estou na flor da idade para ficar cheché!


Assim, segui o seu conselho e fui ao psicólogo, o homem tinha um questionário e começou por perguntar o que tinha feito ontem, nada respondi, praticamente não tirei o cu do sofá, a ver televisão e Internet, Há! Já sei o que se passa consigo, saiu mesmo agora daqui um sujeito com o mesmo problema, então o que tenho Sr. Dr.? Você ontem esteve a ver as notícias sobre o deficit das Contas Publicas? Pois estive, foi todo o dia a falarem disso, pois é, os foguetes que o governo e deputados da maioria deitaram, as postas de pescada que cagaram,  que foi uma vitória deste governo, que os que criticaram agora têm de engolir a soberba, etc. etc. e Blá, Blá, Blá. Mas, e os cortes que fizeram? Os impostos que aumentaram, as taxas na saúde que nos lixaram, o I.M.I. com que nos afogaram, e o I.R.S. que subiram, as filas nos Centros de Saúde que parecem a légua da Póvoa, as urgência dos Hospitais que descambaram, nos salários que cortaram, nas pensões que roubaram, no desemprego que criaram, tudo isso e mais algumas coisas deviam antes dar direito a pedido de desculpas aos Portugueses, mas como optaram por deitar foguetes isso veio danificar os neurónios de algumas Pessoas, foi o que lhe aconteceu!


Ao embandeiraram em arco, e em Pessoas sensíveis como o Sr. ( a quem foram ao bolso) pode causar graves problemas psíquicos, até danos irreparáveis podendo levar ao colapso, e ir desta para melhor enquanto o diabo esfrega um olho, é pá, você assim até me está a assustar, diga-me há remédio para isto? Sim, para começar durante um Mês não vê nem ouve noticias, e quando sair daqui do consultório passe  ali pelo Clube de Vídeo e alugue uns filmes do Vasco Santana, António Silva, Fernandel, ou Cantiflas, vá para casa agasalhe-se bem e descanse, dentro dum Mês volte aqui para ver se recuperou totalmente, se não for o caso vamos ter de o internar, porque as recaídas são fatais!



Porra que já cá não volto, o gajo está feito com a oposição! Com um Governo destes que nos tirou do buraco, só tem feito coisas boas aos Portugueses em especial aos mais necessitados e agora diz que não deviam deitar uns foguetes por esta vitória do deficit? Têm toda a razão de festejar, quem vier a trás que feche a porta, para o ano há Eleições e daqui até lá são só vitorias, o mau tempo já passou, ou não? Estarei a ficar senil? ou o psicólogo estava certo!



domingo, 19 de janeiro de 2014

CÁ VAI MAIS UMA! "E ESTA, HEIN"


Tenho escrito tanta coisa nos blogs que algumas, muito provavelmente já estarão em dose dupla, esta que hoje me surgiu ao andar por Paço de Arcos, tenho ideia de já ter contado, mas como não tenho a certeza, aqui vai; Fui morar para esta Terra no dia 8-1-1969, como nesse tempo já longínquo ainda não era «bicho do mato» arranjei por lá muitos Amigos, muitos deles perduram, e perdurarão, assim não foi de admirar que tendo eu ido trabalhar para Alcoitão levando comigo toda a prol, (um dos Filhos acabou por nascer quando estávamos por lá) e tenha mantido aqui, a casa que habitava antes dessa mudança, e onde vinha aos Domingos único dia de descanso que tinha, nessas idas passava sempre pelo Pavilhão Jardim (de que hoje falei no Facebook) para conversar com o meu Amigo Silva que explorava essa casa com o seu Primo, Manuel Marmelada.


Numa dessas visitas diz-me o Silva, olhe a Dª «Nonou» (gente rica é mesmo assim, não há cá Marias para ninguém) queria falar consigo, eu sei porquê mas deve ser ela a dizer-lhe, pois que seja, logo á noite dou aqui um salto e vou lá a casa ver o que pretende: (Cabe aqui recordar que nessa altura estava eu de candeias ás avessas com os Suecos meus patrões, por terem alugado a casa (e os funcionários) nesse Verão a uma Americana doida, que me «obrigou» a esconder a minha Menina durante esse período com o pretexto de que quando alugou a casa não lhe disseram que havia lá Crianças, que só lhe tinham falado num Bebé, o meu Filho Pedro que tinha na altura dois Meses de idade ) nesse mesmo dia á noite voltei a Paço de Arcos, dirigi-me a casa da Srª que queria falar comigo, conhecia-mo-nos bem, pois eu tinha sido Amigo do genro, o Fernando Monteiro, comandante da T.A.P., que tinha falecido pouco tempo antes num acidente de automóvel no Alto da Boa Viagem em Caxias, mas não conhecia o marido da Srª, ela apresentou-nos,  foi direito ao assunto, falou e disse:



O meu marido está doente do coração, e os médicos não querem que ele conduza, e como o Sr. é como se fosse da Família, queria convida-lo para ser seu chofer (o Sr. Monteiro era administrador das firmas do Comendador Joaquim Matias, entre as quais a fábrica de cimentos Cibra em Pataias) antes que eu respondesse deu a palavra ao marido, que me expôs as condições, ia ser seu chofer, mas ficava vinculado á Empresa, da qual recebia o vencimento que propôs, e da parte dele receberia 200 Escudos por Mês para eu transportar os Netos á Escola, aceitei a oferta, pois de qualquer maneira ia sair da casa dos Suecos, combinámos o dia em que me apresentaria ao serviço, e comecei nova vida no dia indicado, que se resumia a tirar o "Boca de Sapo" da garagem no Bairro da Couraça, levar os Meninos á Escola, e de seguida seguir para Lisboa com o Sr. Monteiro, durante o dia andava a roçar o cu pelas paredes no grande edifício, na R. Sampaio e Pina em frente ao Rádio Clube Português, e á noite regressava a Paço de Arcos, colocava o carro na garagem, e regresso ao Bairro da Figueirinha onde habitava.


Algumas vezes lá conseguia sair do edifício (que me sufocava) para ir transportar a Esposa e Amigas ás compras ao Chiado, mas também não era muito melhor, a diferença era entre estar trancado num prédio, ou dentro do carro á espera das Senhoras, mas o efeito era o mesmo, mas em frente! Uma Sexta Feira qualquer, diz-me se não me importo de no dia seguinte (aos sábados não trabalhava)  ir buscar a Nora e os Netos que moravam em Benfica (não os Netos que eu levava á escola, esses moravam na mesma rua do Avô) o Filho Médico estava nessa altura na guerra na Guiné e a Nora não conduzia, e depois passava aqui por casa, disse, e íamos todos ao Estoril a uma consulta, (já não recordo quem era o paciente) sim senhor assim fiz, terminada a consulta fiz o percurso inverso, arrumei o carro na garagem e fui á vida, que a  morte estava certa.



No dia seguinte Domingo, junto ao antigo Cinema encontro o Casal Monteiro de braço dado como mandam as boas regras, dirijo-me a eles cumprimentado-os, o homem diz-me: estou muito triste com o Sr. mas o que é que se passa? Interrogo-o, amanhã falamos! Mas que merda esta, estes gajos têm a mania de engolir as palavras e fico aqui estas horas todas a pensar no que terei feito de mal, não dormi a pensar se descobria o que se tinha passado, mas não cheguei lá. No dia seguinte de manhã repito o que fazia todos os dias, o homem entra no carro, aparentemente bem disposto, e nada, e eu em brasa, fala em tudo menos na razão porque «eu o tinha entristecido» dou-lhe alguns minutos para ver se desembuchava mas nada, quando vou ali no Estádio Nacional onde começava a Auto Estrada, digo-lhe, então Sr. Monteiro estou á espera que me diga o que se passou para me vir com aquela conversa ontem!


O Homem não estava nada á espera de ser interpelado, faz um ar de admiração, e responde, há, ainda bem que fala nisso, sabe é que o Sr. no sábado foi buscar a minha Nora, e foi armado em galã, porra, estava á espera de qualquer coisa, mas esta é que não, devo ter ficado algum tempo a recuperar, e já com os miolos a funcionar questiono, armado em galã? Sim, sabe que o meu Filho não está cá, ela é uma Srª nova, e depois as pessoas falam, só lhe respondi, sabe não o deixo já aqui porque como padece do coração pode dar-lhe algum «fanico», e eu tornar-me responsável, mas quando chegar-mos ao escritório vou pedir contas, de regresso já não o trago para casa, o homem não estava á espera desta reacção, pediu-me por tudo para não ir embora, deu ordens na Secção de Pessoal para não fazerem contas comigo, mas estava decidido, e as contas foram feitas, depois da intervenção de dois Amigos que trabalhavam  no escritório um deles tesoureiro o Sr. Cochicho, e também do Sr. Trindade, esperei e trouxe-o de volta, parei o carro á sua porta, ele abre a carteira para me dar dinheiro, peguei nele, não o contei, coloquei-o em cima do banco donde eu tinha saído, e disse-lhe para o ir colocar na caixa das esmolas da Igreja, que ele frequentava todos os Domingos.



Soube mais tarde, que foram os Pais da Nora que estavam no Estoril na tal consulta que falei atrás que chamaram a  atenção por eu não ir fardado, caso fosse com a farda de chofer não teria dado nas vistas, assim, á civil, vinte e tal anos e talvez não fosse nada de deitar fora, (de aspecto, está claro), e ainda talvez outras razões que não interessam, (mais tarde ouve separação do casal), com o marido fora, realmente até podia haver razões para algum mal estar da parte dos pais, só que o meu respeito por ela não estava naquilo que eu levava vestido, e se o homem me diz, olhe Sr. Miranda, quando for buscar a minha nora vá fardado, eu compreendia, e aceitava pacificamente, apesar de quando me contratou, ter dito que "eu era como se fosse da Família", e não me passar pela cabeça enfiar uma farda, se fugi da tropa para não a usar, mas enfim, a vida tem destas coisas e a sobrevivência obriga-nos  a engolir muitos sapos!





quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A HISTÓRIA, TAL E QUAL


Já por diversas vezes estive tentado a escrever sobre este assunto, mas por falta de dados concretos, e para não avivar recordações algo dolorosas para terceiros, embora os Actores Principais (eu por enquanto excluído) já não estejam entre nós, mas acontece que, sempre que estou com vários Amigos reunido, normalmente enquanto esperamos  pela saída dos funerais no Adro da Igreja na Terra, sou bombardeado (no bom sentido) pelas muitas asneiras de que fui protagonista na minha juventude, por norma vem sempre aquela que mais brado deu, apesar dos cinquenta anos já passados! De facto segundo alguns destes Amigos, que guardam na memória o inicio dos acontecimentos, terá sido na noite de 19-9-1963 que dei a conhecer umas quadras que me surgiram enquanto trabalhava para o meu Tio Júlio. A minha memória pouco guarda desse acontecimento, a não ser o resultado final, esse sim não esqueço, mas há até quem se recorde de algumas quadras, é obra!



Corria o Verão de 1962, vou trabalhar para a quinta do Rui do Rato, que dista cinco quilómetros de Vila Verde, feitos  a pé, e a entrada ao serviço é ao nascer do Sol, portanto seriam cinco da madrugada quando há saída da Terra onde hoje está o edifício da Junta de Freguesia sou confrontado com a morte do meu Pai, no poço ainda hoje existente, (mas coberto). O meu Tio Júlio que cultivava algumas propriedades dele e outras de renda, penso que para me poupar de eu passar no local da tragédia, disse-me para ficar uns tempos a trabalhar para ele, tinha quinze anos mas já muito sofridos e vividos, naqueles tempos éramos Homens para o mal e para o bem logo que saíamos da escola (aqueles que a frequentaram). Ora  andar a trabalhar grande parte do dia só, sem ter com quem falar, custava um bocado, assim, na falta de alguém com quem conversar, ia falando comigo mesmo, nas coisas que me estavam a acontecer, e em tudo, o que um dia tão longo permitia, como já naquele tempo me repugnavam as injustiças, era sobre estas que mais ia meditando, até que um dia resolvo passar a escrito alguns desses pensamentos, um dos quais acabei de escrever em quadras, que dariam pano para mangas.



A história foi assim;  finais dos anos cinquenta do século passado, ou inícios da década seguinte não sei precisar, a Cáritas Diocesana encarregou a Igreja local de fazer a distribuição de alguns alimentos e roupas pelos Pobres da Freguesia, ficou encarregue da sua distribuição o Sacristão e Regedor da Terra em cuja habitação guardava esses bens para posteriormente os distribuir pelos mais necessitados, a minha casa era uma das beneficiadas, pois era só eu a ganhar algum dinheiro (pouco, ou nenhum quando chovia) para alimentar vestir e calçar, Mãe, Irmã e eu próprio, era portanto uma das mais Pobres da Terra, para além da minha Mãe ser afilhada de casamento do casal que destribuia esses bens, entretanto começa a constar que afinal não eram só os necessitados a lá ir, também se abasteciam lá alguns, com poder de compra razoável, em especial pela qualidade de alguns dos bens alimentícios como o leite em pó, queijo e a farinha, de trigo e milho.



Isto era falado nas tabernas para onde íamos há noite, e muita Gente falava nisso, em especial no caso da farinha onde as camionetas que a transportavam já não a iam colocar no destino, mas antes na padaria local, isto era praticamente do conhecimento de todos, mas ninguém se atrevia a ir além da conversa de taberna, o Homem era a Autoridade máxima tanto Civil como Religiosa na Terra, e sabíamos nesses tempos como Igreja e Regime andavam de mãos dadas, eu como era um caso perdido não media as consequências que daí podiam vir, e pumba, á noite já com algum copo á mistura, pois parece pelas informações que hoje tenho que teria estado a comemorar os anos dum Amigo, na companhia de mais alguns da nossa idade, tiro do bolso o papel onde tinha as tais quadras e mostro-as no café da Dª Matilde (que ontem mesmo acompanhei á última morada), alguém, ou eu mesmo, com o ambiente entretanto criado, qual poeta Bocage, entusiasmado pelos aplausos da plateia, foram afixados na porta da garagem do Alfaiate, logo ali ao lado do café.



Daí para a frente foi uma bola de neve, alguém os terá afixado na porta da Igreja antes da Missa de Domingo, e a partir daí foi um ciclone autêntico, por um lado era o acusado que ameaçava fazer-me a folha, com uma queixa na Guarda, por outro os que falavam em sussurro sobre o assunto e que a partir daí sentiram que já podiam falar abertamente e me defendiam, oferecendo-se até para testemunhar a meu favor se fosse caso de isso, pois iam lá comprar alguns produtos, outros como o caso do Padeiro e Esposa, foram sempre meus Amigos, apesar de lhes ter de alguma maneira prejudicado o negócio, mas que pagavam como se a comprassem na moagem, era a qualidade da farinha de trigo que não existia na nossa, a razão de a comprarem ali, este braço de ferro dura algum tempo, pouco é verdade porque rapidamente chega ao conhecimento dos responsáveis máximos da Cáritas do que se estava a passar, e transferem as roupas e alimentos para distribuir pelos Pobres para a Povoação vizinha do Vilar, no Concelho do Cadaval! Agora arranjei outros «inimigos», aqueles que necessitando, lá iam buscar alguns bens, que agora acabaram! Onde eu me fui meter!



Passados 50 anos, com a borrasca a caminho da bonança, que chegará finalmente quando eu fizer o percurso que fiz ontem mas na horizontal, pois sei que apesar dos Actores principais já não estarem entre nós, nem terem deixado descendência, houve quem tomasse as suas dores, e isso não é disfarçável, mas é para o lado eu durmo melhor, o que me custa, e isso não é reparável, foram os beneficiários Pobres desses bens, especialmente os alimentícios, terem ficado privados dos receber por obra e graça das quadras que fiz.
Aqui fica a história, contada pelo próprio, tanto quanto a memória me permite ser fiel ao que se passou, como sei que há leitores que viveram esta época, navegam nestas águas, (um pelo menos  assistiu ontem ao debate/recordação) e se recordam o que se passou, façam favor de dizer de sua justiça, se o não quiserem fazer para que todos leiam, sirvam-se do E-Mail.






sábado, 11 de janeiro de 2014

OS REFORMADOS QUE PAGUEM A CRISE


O plano B que o governo sempre jurou que não existia para o chumbo das pensões pelo Tribunal Constitucional foi ontem dado à luz pelo conselho de ministros. Confirma-se que não havia plano B: os reformados são a carne para canhão deste governo, o alvo do tiro na guerra do défice, a vítima da revolução que vai extinguir de vez em Portugal e na Europa conceitos políticos antigos como social-democracia e democracia-cristã.



Para o poder em vigor, os contratos com os reformados são aqueles que podem ser alterados à vontade, sem que existam riscos de o Estado ser obrigado a pagar milhões. Com os ricos não se brinca - os governos nunca brincam com os ricos e basta ver as parcerias público-privadas e outros contratos dantescos, impossíveis de mexer porque estão em causa cláusulas inamovíveis. Não é de estranhar que enquanto Passos Coelho afirma que a crise "foi um custo que quase toda a gente teve que suportar pelas medidas difíceis", os últimos números disponíveis indiquem que em Portugal os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Uma vez que não existem "cláusulas" de protecção do contrato realizado entre o Estado e reformados - para surpresa de todos, a Contribuição Extraordinária de Solidariedade passou no ano passado no Tribunal Constitucional - opta-se pela medida mais fácil. Aguarda-se agora a decisão do Tribunal Constitucional, reconhecendo-se que é um facto que a CES passou no TC com a presunção de que era transitória e poupava os menos "ricos".



O problema dos reformados vai para lá do confisco do contrato feito entre o Estado e os cidadãos que nasceram no Portugal de Eusébio - em que praticamente só Eusébio funcionava e dava razões de felicidade. O problema é que são os reformados que estão a fazer de cintura de segurança para os seus filhos e netos desempregados ou com empregos que não dão para a subsistência mínima. Como o i escreve nesta edição, 1/3 da população activa está desempregada ou vive de um sub-emprego que não dá para ter uma casa nem eventualmente dará para comer. Ouvir o primeiro-ministro dizer que está a
"tirar o país da crise" torna-se penoso nestas circunstâncias.




 ANA SÁ LOPES, JORNAL i de 10/1/2014
O titulo e as fotos são da minha responsabilidade.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

FLATOS COM SOM

Não sei o que me deu hoje, talvez a nostalgia de tempos passados, em que as várias equipas em que participei, se desmembraram, ou por transferência dos jogadores para outros clubes, ou porque quase  todas eles já deram o peido mestre, ou outras razão que me escapa, hoje bateu-me a saudade, e assim, para a «matar» (a saudade)  reproduzo uma mensagem que publiquei num dos meus blogs em Junho de 2012, com as devidas desculpas aos leitores/as mais sensíveis a esta problemática da flatulência,  aqui vai bomba!

Peidos e Peidorreiros
De todos os sons que conheço, há um que gosto particularmente de ouvir, é o de um «bom peido» não daqueles que só nos apercebemos pelo seu odor, o chamado "peido de salão, ou bufa", mas daqueles que até fazem tremer as pedras da calçada, quando são nossos então um gajo até rejuvenesce! Andei á procura de algum blog que tratasse desta «arte» mas qual quê, parece assunto tabu, uma  coisa que todos fazem (penso eu) mas que ninguém fala, porque será? até parece que estamos a falar de algum crime, ou será mesmo crime? No Malawi é crime, mas é único Pais que eu saiba que criminaliza o flato com som, porque o silencioso é livre de sair quando lhe der nas ganas.
Pelo que julgo saber a nossa Lei não diz que peidar é crime, apenas e só é declarado "desrespeitoso se for dado em Público", (com som), os mudos são há vontade do freguês! Os nossos «Amigos» Alemães até ficam aborrecidos se num qualquer banquete com convidados não se ouvir um rotundo peido, ou na falta deste um bom arroto, também conhecido como peido de elevador, ficam até a pensar que não gostaram do repasto, ofendidos portanto.

Lembrei-me do peido quando fui fazer a  minha caminhada no Passeio Marítimo, iniciei a  marcha em Paço de Arcos eram talvez 7h20, quando ia próximo da Praia de Santo Amaro cruzei-me com um Amigo "peidorreiro" que se admirou de eu ter começado agora a caminhada, diz-me ele: já venho de Carcavelos e como não se encontrava ainda ninguém quando comecei a marcha, tem sido uma maravilha, já dei uma camioneta de peidos desde que comecei a andar, agora já começamos a encontrar Gente e temos de meter travões a fundo, é verdade reconheço, mas tive um azar, o relógio que trago no pulso cansou, e eu á espera das 7 horas para ir abastecer o carro, e só reparei que o gajo estava parado algum tempo depois.
Eu não queria dizer a razão de andar tão cedo nas caminhadas mas este Amigo descobriu-me a careca e agora já está, já todos sabem a razão, é para me poder peidar á vontade sem testemunhas, pois fiquei traumatizado quando fui castigado por dar um peido na Tropa, e desde aí ando oprimido, ou comprimido ou lá o que é!.

Aliás já que estou com a  mão na massa, informo a quem não sabe, que segundo os Médicos conhecedores do assunto, cada adulto produz diariamente cerca de um litro de peidos, divididos por 14 peidos ou bufas, sim porque isto de lhe dar voz não é para todos os cus, então os não peidorreiros onde é que metem aquela litrada de flatos diariamente?
Por causa dos flatos, (nome mais pomposo), foi o principio do fim da minha estadia na Marinha, ainda tinha poucos dias de permanência na nossa Armada, estava com os meus Camaradas acampado em tendas no Alfeite,  e estava convencido que não era crime dar som á coisa, quando já depois do toque de silêncio entra pela tenda adentro um graduado querendo saber donde tinha saído o dito., ninguém se acusou, o que me encheu de orgulho daqueles Camaradas que não se «chibaram»,  entretanto o graduado  saiu, deixei passar um pouco de tempo e lá vai disto que amanhã não há, desta vez o sacana estava á escuta fora da tenda, entra acende a luz, e grita! ou dizem quem foi, ou vai tudo para a rua de castigo, o meu vizinho do lado apontou para mim, tudo estragado, rua com o cagão, só de cueca e camisola de manga curta em Março em plena parada e ali fiquei quase a desmaiar de frio, foi o primeiro de muitos castigos e este por uma boa causa.

Hoje já não há Homens peidorreiros como antigamente, quando trabalhava no campo era um regalo, andávamos dez ou quinze Homens a cavar próximos uns dos outros, e aquilo era lindo ora peidava um ora peidava o outro, havia música de manhã á noite, hoje até para o peido de salão fazem cerimónia, mudam-se os tempos mudam-se as «vontades».
Mais tarde quando morava em Paço de Arcos formámos mesmo uma equipa, e que equipa! Eram atiradores de primeira, fazíamos a festa, deitávamos os foguetes, e ainda apanhávamos as canas, ao fim do dia no largo do Cinema, aquilo era um festim, um dos maiores e melhores fogueteiros era precisamente este que hoje encontrei no Passeio Marítimo, mas havia outros de grande valor, entretanto fomo-nos afastando por razões quase todas elas iguais, mudanças de residências, alguns para bem longe, outros já se foram e já não peidam mais, e agora estou para aqui sozinho faço a festa só para mim, deito os foguetes mas já não apanho as canas, o que diga-se não é a mesma coisa que peidar em comunidade, o peido é para ser vivido em grupo, só assim é saboreado como merece.