domingo, 23 de junho de 2013

MOINHOS DE VENTO


Hoje vou fazer o papel de Moleiro, embora nunca o tenha sido, isto porque vou falar de Moinhos de Vento que a minha Terra é fértil, embora já poucos ou nenhuns façam o trabalho para o qual foram feitos, outros tempos outras prioridades, mas com o preço do pitrol, e a sua previsível escassez a médio prazo, não sei se não seria boa ideia reactivar aqueles que ainda tenham condições «físicas e anímicas» para tal, a razão para trazer aqui os Moinhos é que ontem visitei um, nas suas entranhas, coisa que não acontecia há mais de cinquenta anos.

Como contei ontem no Facebook fui dar ao pé na companhia do Vicente pelos montes que circundam Vila Verde, há uma semana tinha passado por lá e vi que um dos Moinhos tinha a porta aberta, ora o facto de um edifício ter a porta aberta não me autoriza a entrar, mas ao voltar ao «local do crime» isto é ao passar junto ao mesmo vi que a porta continuava aberta, como levava guarda costas, (nestas coisas nunca se sabe) chamei lá para dentro mas não obtive resposta, sinal evidente que não estaria ninguém no seu interior, vivo, entrei, e fui subindo a escada té ao piso superior, nem viva alma, aproveitei para tirar umas fotos que mostro aqui, e á saída fechei a porta como mostro numa foto, aliás era a maneira como estava fechada antes de alguém a abrir e não a voltar a fechar.

Pode ver-se que o seu interior ainda está em condições aceitáveis, no 2º piso onde se  a memória não me atraiçoa era moído o milho, cevada e centeio ainda tem o poiso (ou mó fixa) e a mó que gira sobre aquele, como novos, no primeiro piso onde se moía o trigo já não está com tudo no sitio, pode ver-se aquela cruzeta atada com cordas e uma roldana acoplada era com esta cruzeta que se virava o Capelo nome dado aquilo que pode ser considerado o telhado do Moinho) que girava todo consoante  o lado donde vinha o vento, aliás também se vê um dos rodízios que giravam num circulo á largura de m Moinho e eram estes pequenas rodas parecendo os modernos rolamentos, que melhor ou pior lubrificados, assim o Moleiro conseguia virar o capelo com menos ou mais dificuldade.

Mostro aqui uma foto só com a parte do «telhado do Moinho» e era toda esta estrutura que rodava «á procura do vento» essa capota preta era revestida a alcatrão para melhor proteção ás intempéries, neste conjunto tem o mastro, um grande tronco de madeira, que girava impulsionado pelas velas em lona (caiadas com cal e sebo) colocadas em quatro das oito varas, e que eram mais ou menos desenroladas da sua vara consoante o vento soprasse com mais ou menos velocidade, tinham estes Moinhos Búzios presos nas varas, de vários tamanhos que produziam uma «música» única, de facto como não havia telefonias muito menos televisões, os Pobres adoravam esta música, e até sabiam quando o tempo ameaçava chuva sem sair de casa, só pelo som dos búzios.
O Moinho que me refiro foi construído em 1918, e recuperado em 2000, mas está no estado exterior que se pode ver numa foto, já nem varas tem, muito menos velas ou búzios, e estará á venda.

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