segunda-feira, 3 de junho de 2013

FUGA DE GAS EM OEIRAS

Durante a tarde de hoje tem sido noticia uma eventual fuga de gás árgon, no Laboratório dos S.M.A.S. de Oeiras, ao ouvir as noticias veio-me á memória um acontecimento de que fui um dos protagonistas, já lá vão muitos anos, também nesta Entidade que ao tempo era designada por Serviços Municipalizados.
Quando após concurso Publico assumi o cargo de responsável pelas Estações de Esgotos de Oeiras, (cargo que já ocupava interinamente desde a saída para outro lugar do meu antecessor) fui descobrir numa pequena dependência com entrada independente mas fazendo parte integrante da  Estação Elevatória de Caxias, mas a ser utilizada como arrecadação pelo proprietário da oficina da Mercedes que fica junto, duma série de garrafas como as que são usadas no oxigénio e acetileno para soldadura, mas cheias de Cloro gasoso.

As garrafas estavam num estado que parecia que rebentavam a qualquer momento,. fui falar com o  anterior responsável, não tinha conhecimento de nada, subi mais uma degrau e fui falar com o antecedente que tinha lá estado no lugar muitos anos e este sabia da poda, tanto da ocupação ilegal do espaço, com das garrafas, que tinha sido um processo usado muitos anos atrás no tratamento do esgoto, mas devido á sua perigosidade deixou de ter utilização, então e agora? ninguém sabia responder o que fazer com aquelas bombas relógio, pedi á Engª. Maria Helena (ainda hoje ao serviço) para falar para a Soda Povoa, empresa sediada na Povoa de Santa Iria (hoje dos Franceses e com outro nome) e que era a fornecedora desse tipo de matérias, que não podiam fazer nada, vejo-me então com «a criança» nos braços sem saber o que fazer com ela.

Ainda as mudo de local, para a Central do Jamor, porque aqui se houvesse alguma fuga do cloro pelo menos não tinha habitações ou oficinas próximas, mas não deixava de pensar o que fazer com aquela sorte grande que me tinha saído na rifa, até que um dia me surge uma  ideia que iria resolver de vez o problema, coloco as garrafas no Jeep com a ajuda do meu adjunto que não era (não é de brincadeiras em questão de força física) e regressam ao ponto donde as tinha retirado, só que desta vez na sala onde chegava o esgoto, que depois ia para uns tanques subterrâneos e daqui bombeados para o Mar a cerca de quinhentos metros da rebentação, digo ao meu Amigo Penedo é esse o nome do meu ex-adjunto, como proceder, mergulha na caleira uma garrafa de cada vez, abrindo a torneira lentamente para que o cloro entre no esgoto, e assim se dissolve nele, e nós finalmente vamo-nos ver  livres de uma vez desta ameaça, como ele é muito acelerado aviso-o bem os cuidados a ter, bem como ao colega da Central, enquanto eu vou mandar lubrificar o carro ás nossas oficinas.

Quando regresso a Caxias talvez meia hora depois de lá ter saído, e muito antes de chegar á Central quando se vem de Paço de Arcos pelo interior na curva junto á Manutenção Militar, já vejo uma nuvem amarela, e pessoas ás janelas e outras a fugir, não precisava de mais nada para ver o que se estava  a passar, acelerei direito á Central, desci uma quantidade de degraus sem inspirar para ferrar uma bomba grande que só trabalhava de Maré cheia, mas ao subir não aguentei e inspirei, ainda tente ligar a bomba, mas ela não quis nada comigo, e o nosso Amigo Penedo no local, só me dizia Sr. Miranda calma que isto resolve-se, chegam os Bombeiros e vou de charola com o outro Funcionário que trabalhava na Central, para o Hospital de Cascais por lá estivemos umas horas a soro e não sei mais quê, chegam depois Bombeiros que mesmo com máscaras não impediu de inspirarem o cloro, e foram fazer-nos companhia ao Hospital.

Quando saio do Hospital vou informar-me do resto do filme a que não assisti, soube então que meteu Delegado de Saúde, as Pessoas que estavam na Praia (era Verão) fugiram, e a coisa normalizou quando os gases que são mais leves que o ar, assentaram ou os ventos os transportaram para outras freguesias, faltava saber do Penedo o que correu mal na operação que eu tinha estudado com tanto afinco na certeza de correr tudo bem, o Homem aparece-me já noite dentro na casa onde eu morava na Figueirinha em Oeiras,. todo triste pedindo mil desculpas, mas como é que aquilo aconteceu estando o cloro mergulhado no esgoto não podia ir para a atmosfera? Pois não, o problema é que queria despachar aquilo rapidamente e abriu várias garrafas ao mesmo tempo e não conseguiu fecha-las quando viu o caso mal parado, e então você como está? pergunto-lhe, eu estou bem, mas foi ao Hospital? Não, estou bom, e a verdade é que ele esteve sempre no local do início ao fim do «filme», deve ser feito duma matéria especial.
perguntarão o que aconteceu ás garrafas que o Penedo não conseguiu despejar? A resposta não a posso dar aqui, mas livra-mo-nos delas sem perigo para ninguém, isso é que interessa para o fim da história.
 

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