O plano B que o governo sempre jurou que não existia para o
chumbo das pensões pelo Tribunal Constitucional foi ontem dado à luz pelo
conselho de ministros. Confirma-se que não havia plano B: os reformados são a
carne para canhão deste governo, o alvo do tiro na guerra do défice, a vítima
da revolução que vai extinguir de vez em Portugal e na Europa conceitos
políticos antigos como social-democracia e democracia-cristã.

Para o poder em vigor, os contratos com os reformados são
aqueles que podem ser alterados à vontade, sem que existam riscos de o Estado
ser obrigado a pagar milhões. Com os ricos não se brinca - os governos nunca
brincam com os ricos e basta ver as parcerias público-privadas e outros
contratos dantescos, impossíveis de mexer porque estão em causa cláusulas
inamovíveis. Não é de estranhar que enquanto Passos Coelho afirma que a crise
"foi um custo que quase toda a gente teve que suportar pelas medidas
difíceis", os últimos números disponíveis indiquem que em Portugal os
ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Uma vez que não existem "cláusulas" de protecção
do contrato realizado entre o Estado e reformados - para surpresa de todos, a
Contribuição Extraordinária de Solidariedade passou no ano passado no Tribunal
Constitucional - opta-se pela medida mais fácil. Aguarda-se agora a decisão do
Tribunal Constitucional, reconhecendo-se que é um facto que a CES passou no TC
com a presunção de que era transitória e poupava os menos "ricos".

O problema dos reformados vai para lá do confisco do
contrato feito entre o Estado e os cidadãos que nasceram no Portugal de Eusébio
- em que praticamente só Eusébio funcionava e dava razões de felicidade. O
problema é que são os reformados que estão a fazer de cintura de segurança para
os seus filhos e netos desempregados ou com empregos que não dão para a
subsistência mínima. Como o i escreve nesta edição, 1/3 da população
activa está desempregada ou vive de um sub-emprego que não dá para ter uma casa
nem eventualmente dará para comer. Ouvir o primeiro-ministro dizer que está a
"tirar o país da crise" torna-se penoso nestas
circunstâncias.
ANA SÁ LOPES, JORNAL i de 10/1/2014
O titulo e as fotos são da minha responsabilidade.
O titulo e as fotos são da minha responsabilidade.
Pois a mim parece-me que o P. M, tem um qualquer assunto mal resoilvido com algum reformado que o deixou ligado numa vingança que apanha todos os outros.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana