Como já escrevi noutro local, hoje tem sido um dia cheio de boas noticias para mim (e não só), a última refere-se á minha Terra, Vila Verde dos Francos, conhecida como a "Terra do Burro Toca o Sino" hoje ninguém liga a isso, mas ouve tempos em que se alguém nos dissesse que era da Terra do Burro toca o sino, dava direito a briga feia, eu próprio ouvi algumas vezes essa piada e não gostava nada da brincadeira, mas isso são águas passadas, e só escrevo sobre o assunto, porque encontrei um texto doutra Terra onde a história é quase igual àquela que se contava de Vila Verde, pelas semelhanças aqui deixo esse texto contando a história do Lobo e do Burro que terá acontecido em Maiorga uma Freguesia do Concelho de Alcobaça, portanto quase nossa Vizinha, e com uma História muito semelhante á de Vila Verde.
Era uma vez um
almocreve que tinha um burro já velho e podre e queria desfazer-se dele. Então, quando vinha das Voltinhas para cima, vinha tocando o burro e dizendo: Arre
burro, mata-lobos, vai à serra e mata-os todos.
O Pascoal, que andava na sua
propriedade no Reboludo, ao ouvir aquilo, veio à pressa para a vila, e reuniu
com todos os donos de rebanhos, para comprarem o burro que matava os lobos.
Todos concordaram em comprar o burro e foram ter com o almocreve, para ver quanto é que ele queria pelo animal.
Todos concordaram em comprar o burro e foram ter com o almocreve, para ver quanto é que ele queria pelo animal.
O almocreve o que queria era
vendê-lo, mas fez-se rogado, para lhe render mais. Por fim assentaram no preço:
trinta mil réis e uma carga de presuntos. E lá compraram o burro que matava os
lobos.
Então formaram entre todos uma
escala, para cada dia lá ir um prender o burro no alto da serra. Como não havia
árvores levavam uma estaca e uma corda comprida, para o burro, de noite,
apanhar os lobos.
O que lá foi no primeiro dia não
espetou bem a estaca. Alta noite os lobos atacaram o burro, e ele foge
espavorido para a vila, arrancando a estaca e arrastando a estaca, até chegar
ao adro da igreja.
Por acaso a porta da igreja estava
aberta, e o burro refugiou-se lá dentro. Mas um lobo que vinha a persegui-lo
entrou também, e o burro deu a volta pela capela-mor e saiu pela porta
principal. Como levava a corta de rastos, e a estaca atravessada na ponta da
corda, a estaca fechou as duas meias portas, de modo que o lobo ficou fechado
dentro da igreja.
Ora naquele tempo a corda do sino
era uma videira comprida, ainda com folhas verdes. O burro, coitado, estava
cheio de fome e começou a roer as folhas da videira, e o sino começou a tocar.
E quanto mais o burro roía, mais o sino tocava.
Acorda todo o povo espavorido e
corre acorre todo ao adro. Ao verem aquele espectáculo, ficaram pasmados e
disseram: Ai que inteligência! Abençoado dinheiro que a gente deu pelo
burrinho! Mete o lobo na igreja, fecha-lhe a porta e toca o sino para a gente
ver a inteligência dele!
Até aqui a história é igual á que se contava de Vila Verde, o final é algo diferente, enquanto em Maiorga tentaram matar o lobo atirando-lhe um arado do telhado da Igreja, em Vila Verde foram mais cuidadosos e optaram por atirar a albarda do Burro para dentro dum poço, para ver se flutuava ou ia ao fundo, na primeira hipótese é porque o Burro era Santo, se afundasse então era caso para abater o Lobo se o encontrassem, pois este tinha dado o fora logo que abriram a porta da Igreja, se a albarda foi ao fundo ou não, não sei, já foi há tanto tempo que me esqueci.
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