terça-feira, 30 de julho de 2013

A MORTE DO ALCABRICHEL

Hoje sonhei que me andava a banhar no «meu» Rio Alcabrichel, rebate falso, como saberão todos os Vila-Verdenses, este nosso Rio morreu há muito, e já agora que falo no assunto, de que morreu? Pois bem, o que sei e o que julgo saber aqui vai: Era eu menino e moço, já lá vão uns bons anos como se pode ver pela amostra, ia com os meus amigos não só aprender a dar as primeiras braçadas no que á natação dizia respeito, ali no chamado poço grande, que se situa na propriedade dos meus Avós, mas dizia íamos dar uma braçadas mas, e mais importante, á pesca, de facto abundava em toda a extensão do Rio desde  a Azenha até aos limites da Freguesia já próximo da Aldeia Grande, Ruivacos em grande quantidade, e Enguias, estas em menor número, mas de certeza mais gostosas que aqueles.

E hoje? Há mato, em praticamente toda a extensão do Rio que atrás mencionei, não faço ideia se mais a jusante as coisas se passarão da mesma maneira, os terrenos que antes eram cultivados deixaram de o ser, era obrigatório os proprietários dos terrenos que fizessem extrema com este e todos os cursos de água limparem as margens, mas hoje se nem mão de obra há para cultivar, muito menos para limpar, então que há a fazer? Diria que o Estado tem uma palavra, não recebe os nossos impostos? então que sobre algum para esta e outras situações de emergência, há dias andei por lá a dar a minha volta e não consegui ver o fundo do Rio em nenhum dos locais onde ainda consegui chegar próximo, no caso do poço grande aí então só de balão de ar quente ou helicóptero.

Falo neste assunto não só porque gostava de voltar a ver o Rio despoluído, agora que há uma Estação de Tratamento de Esgotos (espero que não avarie caso contrário está o caldo entornado) e talvez, porque não voltar a ver Ruivacos por aqui? Há cerca de dois anos foram introduzidos uns centos deles para repovoar o Rio, mas já próximo da sua foz, ali na zona do Vimeiro, mas da maneira como o Estado tem tratado o que é seu, não sou sonhador ao pensar que vai resolver um problema que é dos outros, talvez, e aí com a proximidade que deve ter dos problemas Locais, a Autarquia se tivesse aquilo com que se compram os melões pudesse ajudar a resolver este problema, que se calhar é só meu, nem todos foram pescadores ou banhistas para recordarem com saudade este Rio limpo e com peixe abundante.

E já agora que estou com a mão na massa, e já que falei na limpeza do mato que tomou conta do Rio, não posso deixar de escrever sobre o que levou á extinção do peixe neste, foi a poluição como aconteceu por quase todo o Pais, as causas mais remotas foram, construção dos Lavadouros Públicos que despejavam para o Rio, embora nesses tempos ainda fossem os primórdios dos químicos, utilizava-se já a lixivia, em quantidades industriais, pois as roupas usadas durante seis ou sete dias por semana em trabalhos no campo, não havia sabão azul e branco que conseguisse pôr a coisa a brilhar, antes dos lavadouros, as Mulheres lavavam a roupa no Rio, mas a maioria ia lavar á Charneca, pelo que a  poluição não se fazia sentir.
 
Ao mesmo tempo, começaram os Moradores mais próximo deste a construir as primeiras casa de banho e canalizavam-nas para aí, antes a casa de banho era no quintal a céu aberto, pelo que a poluição não chegava ao Rio, e foram estas algumas das causas da morte do nosso Rio Alcabrichel, a que se juntaram mais tarde os químicos usados na agricultura.
Para terminar, direi que o Rio nasce junto á Serra de Montejunto, e segue o seguinte percurso: Passa por Maxial, Ermegeira, Ramalhal, Quinta de Paio Correia, A dos Cunhados, Sobreiro Curvo, Porto Rio e Maceira, indo desaguar no Atlântico, na praia de Porto Novo (Maceira), após percorrer cerca de 25 quilómetros.

2 comentários:

  1. Conheço bem este rio, pois tenho um pequeno terreno que herdei de meu pai cujo Alcabrichel passa no meio deste, e quando era menino muitas foram as vezes em pleno verão que de toalha ao ombro e sabonete lux no bolso ia tomar banho ao rio, algumas vezes também no poço grande, onde o amigo Virgilio chegou a ter uma jangada rudimentar mas onde nos divertíamos, mas o rio foi perdendo o seu caudal também com a falta das Srªs de Vila Verde deixarem de ir lavar aos tanques pois foram as sobras destes que corriam para o rio e que alimentavam o seu caudal, hoje nada existe, nem lavadouros nem casas de banho a correr para o rio por isso ele está morto, excepto no inverno

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  2. Olá mano,
    Gostei muito deste texto. Lembro-me muito bem daquela queda de água que mostras na foto. Não sabia onde era a nascente e a foz do rio, gostei de saber.Há muitos anos que não o vejo... Nem sabia que já estava seco...
    Lembras-te daqueles invernos que chovia imenso e que a água passava com tal fúria na curva do rio ao fundo do nosso quintal, que quase sempre levava mais um pouco daquilo que já era tão pouco? Pobre é assim... Quanto menos tem, menos fica... Sem dinheiro para fazer um muro para segurar as terras, o rio todos os anos levava-nos mais um pouco do quintal… Cheguei a imaginar, que um dia a água chegaria até à casa e levava-a também.
    Beijinhos

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