domingo, 21 de julho de 2013

VILAS VERDE DOS FRANCOS

Um longo Texto sobre Vila Verde dos Francos, agora que se aproximam Eleições Autárquicas, convém não esquecer o que fomos, o que somos, e o que queremos ser, importante ser lido por: Eleitores e Candidatos á Junta de Freguesia, já que o Concelho fica a léguas de distância e também de  interesse, tanto pelo nosso passado, como provavelmente pelo nosso futuro. 
VILA VERDE DOS FRANCOS E AS ILUSTRES FAMÍLIAS

            DOS NORONHAS E ALBUQUERQUES

 

Vila Verde dos Francos está localizada num espectacular espaço natural de inebriante beleza campestre e pastoril, que justifica plenamente o facto de esta Vila ter sido apreciada e procurada para residência de nobres e fidalgos.
Por dificuldades da minha vida profissional, não me tem sido possível demorar-me nesta bonita região, mas não deixo de sonhar com esta localidade e com o seu enquadramento ambiental.
O foral de Vila Verde dos Francos foi confirmado por D. Afonso II, em 1255, que havia sido dado por um Senhor de nome Alardo ( in Vila Verde dos Francos, por Luciano Ribeiro). Teve castelo, cujas ruínas ainda se podem descortinar do lado esquerdo da estrada de chegada à Vila, para quem vem de Atalaia. Atingiu o apogeu de importância civil, política e económica no século XVI, talvez numa época em que os Noronhas foram os Senhores de Vila Verde dos Francos.

Em 1540, D. Pedro de Noronha, que foi o Sexto Senhor de Vila Verde dos Francos, casado com D. Violante de Noronha, fundou um Convento de Ordem Franciscana. Julga-se que seu filho, também de nome Pedro de Noronha, casou em segundas núpcias com Catarina de Ataíde, que se supõe ter sido da Família dos Ataídes, da linha genealógica dos Condes da Castanheira do Ribatejo. Julgamos também que esta senhora teria sido a amada Natércia, de Luís de Camões. Os dados parecem ligar-se, porque Caterina nasceu em 1524 e morreu em 1556 e o imortal poeta Luís de Camões terá também nascido por volta de 1523; daí parecer ser possível se terem conhecido e até se encontrarem na corte de D. João III, já que o 1º Conde da Castanheira, D. António de Ataíde, era valido e vedor da Fazenda de El-Rei D. João III. Diz-se que Luís de Camões utilizaria com a sua amada e como inspiração dos seus sonetos, o anagrama Natércia. Se trocarmos as letras de Catarina ou Caterina, formamos o nome Natércia. E sabe-se lá se estes amores não provocaram muitos ciúmes, inclusive no futuro marido de Catarina e as intrigas e as influências negativas não levaram ao desprezo e ao afastamento do poeta da área palaciana ? E sabe-se lá, também, se com as histórias que Catarina contasse a Luís de Camões, sobre o seu avô, que se julga ter sido D.Vasco da Gama, não teria acicatado, no poeta, pela força do seu amor por Natércia, o desejo empolgante de cantar épicamente a odisseia de Vasco da Gama com a sua viagem e chegada à Índia, e desta forma homenagear o avô de Natércia ou melhor de Catarina? Tudo isto pode ter sido possível ou imaginado, passando pelos nossos cérebros os ecos do fantástico e dos actos heróicos da História Lusíada.

Há alguns meses atrás, tive o prazer de conversar com o Sr. João Pereira Barata, de Vila Verde dos Francos, que com a sua aguda inteligência me falou do passado desta importante Vila de outrora. Também me soube dizer que Vasco da Gama vinha ao Palácio dos Noronhas namorar a Catarina. Devemos respeitar todas as nossas bases de conhecimento, porque este passa de gerações em gerações. Porém, eu atrevi-me a dizer-lhe que não era Vasco da Gama que vinha namorar Catarina, mas sim Luís de Camões, atendendo às datas de vida das personalidades.
Voltando atrás, do casamento de D. Pedro de Noronha com Catarina de Ataíde ( a Natércia), nasceu D. Francisco Luís Noronha de Albuquerque, que foi o Oitavo Senhor de Vila Verde, e veio a contestar a propriedade do Convento que seu avô tinha construído, e que estava nas mãos dos frades franciscanos. O processo teria durado dezenas de anos para se resolver, porque os frades não aceitavam sair.

Os Senhores de Vila Verde dos Francos, foram ao todo 18 e a partir do 13º, com D. Pedro António de Noronha Albuquerque e Sousa, a Casa dos Senhores passou a acumular a representação do título de Condes de Vila Verde e ainda, também, um outro título nobiliárquico: o de marqueses de Angeja. O último Senhor foi D. João de Noronha Camões de Albuquerque Sousa Mónia, que também foi 7º Conde de Vila Verde e 6º Marquês de Angeja. Nasceu em 1788 e faleceu em 1877. O título de Senhor de Vila Verde, foi extinto e hoje o representante nobiliárquico é o Conde de Peniche e Marquês de Angeja. Pela importância política que alcançou nessa época, Vila Verde dos Francos foi sede de Concelho, com município e comarca jurisdicional.
O Grande Vice-Rei da Índia, D. Afonso de Albuquerque, que nasceu em Alhandra, era filho do Terceiro Senhor de Vila Verde dos Francos, Gonçalo de Albuquerque. Este Senhor adoptou o apelido de Albuquerque, de sua mãe, pelo facto de ela ter sido assassinada por seu pai (marido dela) que era João Gonçalves Gomide, Segundo Senhor de Vila Verde dos Francos. Gonçalo de Albuquerque que casou com D. Leonor de Meneses, filha do 1º Conde de Athouguia, teve além do grande D. Afonso de Albuquerque, o maior chefe e governador do Oriente na época de D. Manuel, outro filho, o primogénito, Fernão de Albuquerque que veio a ser o Quarto Senhor de Vila Verde dos Francos. Como este não teve filho varão, o Senhorio de Vila Verde passou para a sua filha D. Guiomar de Albuquerque, que ao casar com D. Martinho de Noronha, este entrou no Senhorio de Vila Verde, como Quinto Senhor e começa a dinastia da Família dos Noronhas, família mui nobre e descendente de el-Rei D .Henrique de Castela.


D. Pedro de Noronha, Sexto Senhor de Vila Verde dos Francos, fundou, como já foi dito, o Convento da Visitação, situado num planalto, para norte, de onde se consegue avistar o mar de Peniche. Nesse Convento está sepultado este Senhor, existindo em frente do altar a campa com o Brazão dos Noronhas. Um outro Noronha, de grande importância e influência política, foi D. Pedro António de Noronha Albuquerque e Sousa, que foi o 13º Senhor de Vila Verde, 2º Conde de Vila Verde e 1º Marquês de Angeja. Este Senhor foi nomeado em 1693, com 32 anos de idade, Vice-Rei da Índia. Governou-a com tanta prudência e sabedoria que a retirou da decadência em que a Índia tinha mergulhado.
E depois de ter vindo da Índia, ainda foi nomeado, em 1710, governador das armas da província do Alentejo, tendo comandado um exército de 19.000 homens contra os espanhóis. No palácio dos Noronhas e Marqueses de Angeja, este 1º Marquês e Vice-Rei da Índia, construiu um salão, chamado o gabinete do Marquês. No tecto mandou colocar e pintar quadros representando cenas da conquista da Índia e à volta de cada quadro fez constar o nome do capitão herói de cada feito militar. Porém, não convém esquecer, o palácio foi mandado construir por Gonçalo de Albuquerque, pai de D. Afonso de Albuquerque e ele teria nascido, Gonçalo de Albuquerque, por volta dos anos 1430. Portanto o palácio, actualmente em ruínas, é do século XV. Por isso, e passados que são cinco séculos ou talvez mais de 500 anos, será para pensar que o Palácio deveria ter sido uma construção muito sólida, beneficiando de reparações e melhoramentos, ao longo dos tempos, para resistir às fortes chuvas e ventos do inverno, nesta região, e chegar até nós e hoje, pelas suas ruínas, as memórias do Passado.


 
Na rectaguarda do Palácio, junto à parede da propriedade, mas fora dela, portanto numa via pública da Vila, localiza-se uma interessante Fonte Gótica, de considerável valor histórico. As pedras que formam a pequena arcada em ogiva, dessa fonte, parecem ter sido talhadas quase em forma de L para se ajustarem como colchetes a fim de se não desligarem e a construção durar muitos séculos. As entidades autárquicas de freguesia e a população poderão, com desvelo, conceder-lhe um merecido arranjo na limpeza das ervas e das próprias pedras. Este estilo gótico, que esta fonte retrata, nasceu em França no século XII, espalhando-se por toda a Europa e países escandinavos. Em Portugal, são dignos de relevo, neste estilo, a Igreja do Mosteiro de Alcobaça, a Batalha, a Sé da Guarda e a Igreja de S. Francisco, em Santarém, além ainda de muitos outros monumentos.

 

   Fonte: Alenquer e o Seu Concelho, de,

                   Guilherme João Carlos Henriques - 1873.                                  C. Nogueira.

 

 

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