terça-feira, 9 de outubro de 2012

O ESTADO E OS SEUS FUNCIONÁRIOS

Todos sabemos da má fama dos Funcionários Públicos, são calões, incompetentes, corruptos etc, estes mimos são ouvidos constantemente sempre que o Cidadão pagante é mal atendido, num qualquer Serviço Publico, ou simplesmente quando se depara com um aglomerado de Funcionários, em amena cavaqueira, esquecendo que lhe pagam para trabalhar, isto é a realidade que se passa no nosso País, quem não vê é porque não quer, tudo isto se passa sem que se veja mudança na atitude, na Lei, ou na vontade dos responsáveis para mudar esta situação a todos os títulos incompativel com um Pais que se quer civilizado.

Esta conversa vem a propósito duma noticia que acabei de ler, e que resumo: A Câmara da Lourinhã suspendeu o contrato (admito que por uma boa razão) com a Empresa que fazia as limpezas das instalações da Autarquia, deste modo e enquanto decorria o processo de contratar nova Empresa para fazer essas limpezas, achou por bem a Autarquia pedir aos seus Funcionários que nos seus locais de trabalho procedessem a esse serviço, tendo para o efeito colocado á sua disposição os respectivos produtos de higiene e limpeza.
Aquilo que parecia ser uma coisa absolutamente normal e racional, fez logo instalar uma guerra com o respectivo Sindicato brandindo armas porque os trabalhadores estavam a perder a sua dignidade ao fazerem trabalhos de limpeza.

Ao ler esta noticia, recordei o meu passado de funcionário também numa Autarquia, quando assentei praça nesse trabalho, eu e os meus Camaradas procedíamos á limpeza das instalações onde trabalhávamos (coisa que ainda hoje acontece pelo que julgo saber) nunca ninguém se questionou se a sua dignidade estava em causa, mais tarde já como responsável do serviço, foi-me proposto pela minha Chefia que pelo menos no escritório fosse lá a empresa que fazia esse serviço noutras Secções, recusei, o que julgo acontece ainda hoje, serão os próprios Trabalhadores que lá trabalham a fazer esse serviço.
Que eu saiba ainda não lhe caíram os parentes ao chão, e não fizeram nenhuma birra por executarem esse honroso serviço.

Mas conto-vos mais uma para se ver até que ponto os nossos Funcionários não se importam com a sua imagem, borrifando-se para aquilo que o Povo (que lhes paga o ordenado) possa pensar a seu respeito.
Quando da formação da Equipa oficinal do Sector da manutenção e reparação dos equipamentos electromecânicos, recebi carta branca para ir a outros Sectores já existentes e tirasse de lá o Pessoal que achasse necessário para executar essa tarefa, entre estes veio um Motorista, um Mecânico e um Electricista, todos os outros já trabalhavam no Sector e foram reclassificados na função de Mecânicos Electricistas, anteriormente trabalhavam como Operadores de Estações Elevatórias.

Passadas poucas semanas vejo o Motorista acompanhado dum mecânico no complexo oficinal, dos Serviços, como me encontrava no escritório/oficina que ao tempo estava aí sediado, perguntei ao mecânico (o Motorista não dependia hierarquicamente de mim, mas do Encarregado de transportes) o que faziam ali os dois, respondeu-me que tinha vindo ao armazém levantar um parafuso para substituir o que se tinha partido na Central das Fontainhas, em Paço de Arcos, perguntei porque razão o Motorista não tinha feito esse serviço sozinho, que o mesmo lhe disse que não era fiel de armazém para vir buscar peças, recusando-se a vir só, buscar o dito parafuso.
É certo que infelizmente esta é a prática que pelo que se vê na Câmara da Lourinhã se mantém actual, mas mantêm-se actual porquê? então não andam os Sindicatos aparentemente preocupados com o possível desemprego na Função Publica? E é assim que se motivam os Trabalhadores? Só vêm dum olho? fico por aqui senão ainda me chamam fascista.

Nesse mesmo dia da recusa do Motorista em vir buscar um parafuso, assinou a sua sentença, logo que tomei conhecimento do acontecido, dirigi-me ao meu Chefe, simultaneamente chefe dos transportes, informando que aquele Senhor não trabalhava mais no Sector, e mais não queria nenhum Motorista para sua substituição, o Homem ficou em pânico, com as oficinas no seu inicio, e já a coisa a descambar, antes já tinha despachado para o seu local de trabalho anterior o Mecânico, (por motivo idêntico) agora era o Motorista, era o fim, acalmei-o, expus-lhe a solução que já estava na minha cabeça, e que simplesmente seria colocar todo o Pessoal do Sector, no qual tinha toda a confiança, (pois já comigo trabalhavam noutras funções anteriores á criação da oficina) a conduzir as viaturas distribuídas ao Sector.

Alguns já tinham carta de condução, aos que não a tinham propus que os Serviços custeassem a sua obtenção, o que foi aceite, (com forte oposição da parte do Sector dos transportes é certo), mas a medida foi em frente, e acabou ali á nascença uma prática que já vinha de longe, a coisa era de tal maneira que nem os carros que conduziam limpavam, (diziam que era tarefa da estação de serviço) ao contrário o carro que me estava distribuído, e as outras viaturas do Sector foram sempre limpas e lavadas por quem as conduzia, também aqui não caíram os parentes ao chão a ninguém, mais, o meu problema nunca foi ter trabalho a mais, o contrário é que me preocupava, foram feitas algumas tentativas nesse sentido que abortaram pela minha oposição.

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